Um navio chama outro navio para atravessarmos os mares. No limiar dos mares Os mais belos rastos de luz. As estrelas. Sobretudo as estrelas. Deslizam iluminadas. Com vida própria. Por sobre estradas infindáveis. Enquanto esperam a aurora... Olho o horizonte: um fio rectilíneo molhado com luz poente. Ouve-se deslizar o canto das viagens. A esta hora, as ondas, habitualmente rumorosas, mais leves. Aí, irreprimíveis, pousam os sonhos. Sobre aquela linha rubra poente de mar azul. Dum azul longamente azul. Um azul diluído. Feito de luz e sal. Do lado de cá, as gaivotas descansam seus voos como lírios brancos que, desprendidos e selvagens, despontam da terra pedregosa. Noutros lugares, outros mares. Desfazem-se em múltiplas espumas brancas, douradas, esmeralda, negras... Tresmalhadas, mergulham por sobre outras encostas; outras dunas; outras flores; outras vozes... Mares. Águas sempre olhadas de vagar - aproveitando, quem as olha, uma nesga de tempo, do tempo sem tempo que corre parado. Com