No Castanho - Paradela 2.
No alto, o cume das
montanhas sustenta o céu sobre rochas fraturadas; onde pelas madrugadas o sol
de verão se prepara para voos diurnos. E a terra nutrida de luz solar põe à
vista extensões de terreno que se distinguem pela tonalidade da cor: castanha,
ocre, bege… Tonalidades que se vão acentuando ou sombreando, à medida que o sol
vai percorrendo a sua linha de destino; no sentido do poente.
Aí, floresce a urze e
frutificam os silvados.
Aí, as flores selvagens
exalam truculentos odores, chamando a atenção das abelhas para os seus néctares.
Aí, ao fundo, a água do
rio encaixada entre fragas, é tão mais quieta do que a brisa; é tão mais azul
luzente do que o céu!
(talvez – aqui – nesta mancha
de rocha pejada de sombras soltas e de silêncio, onde a respiração da terra
humedece a planta dos nossos pés descalços, talvez – aqui – se possa ouvir a
lenta e inaudível evaporação da água… talvez.)
Quando a noite cobre o
céu, as vacas silenciam os seus chocalhos. E dormem, simplesmente, junto aos seus
vitelos, em camas de palha colhida na terra. Na mesma hora em que as ovelhas
dormem.
Quando a noite reacende
as estrelas, a luz, que enche os seus corpos, estremece; desce e escorre no céu
até junto à terra.
E a terra, acolhe-a.
Por simples poesia.
Segue-se a reunião de
onde transbordam ideias de projeto que vão tomando forma ao longo da discussão –
projetos idealizados com ligação à terra.
À terra, solo e seus
elementos naturais; à terra, design geográfico e arquitetónico e paisagístico; à
terra, cultura de um lugar; à terra, água.
Os participantes organizam-se
em grupo, em torno de um mesmo projeto – de acordo com as afinidades que cada
um tem ao tipo de intervenção; de acordo com afinidades interpessoais; de
acordo com as afinidades que têm com a matéria-prima (recursos da terra)…
No dia seguinte, os
participantes, uns, partem à recolha de materiais que viabilizem os seus
projetos; outros, saem para reconhecimento do meio e contacto com seus
habitantes. E…
Nos dias que se seguem,
as evidências do trabalho, em vista a criações e intervenção artísticas, começam
a aparecer.
Eugénia
V Festival do Castanho, Paradela, Setembro. 2013.
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