Um lírio azul


Atravessei a rua, lugar onde moro. hoje. lugar de eleição pela serenidade que me inspira. as tintas azuis a colorirem o céu. sem incómodos para o silêncio. Como de costume fui ficando a olhar a luz. particularmente contemplativa. a deixar-se cair, tão lentamente, sobre cada um dos ramos nus. da árvore.

Modo magnífico de acalentar a seiva.

Ninguém atravessava a rua. ninguém animava o lugar. nenhum voo no céu. somente as tintas azuis a resvalarem do alto, até ao chão.

Fui-me afastando. devagar. fui fechando o silêncio, dentro de mim. Desci a rua. para comprar um lírio. um lírio azul.

Numa jarra azul
um lírio azul -
no vidro coalhado
a palavra-verso.

.
Cintilam lírios d'água
no jardim de Monet -
voa um verso branco
na asa de uma libélula.

Eugénia

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