No Castanho - Paradela 1.
Quando as portas aludem à recriação
No alto, as borboletas
brancas fluem e refluem, de fraga em fraga, em torno dos silvados,
enquanto
a terra absorve o oiro do sol de verão e o granito grita todo o brilho da mica.
Cá em baixo, havia as ruas; havia o ar
saturado de luz levitando sobre as ruas;
havia as varandas debruçadas sobre as ruas;
as escadas carregando as primitivas pedras - soerguidas da terra - uniam as ruas.
Em silêncio passei pelas ruas;
era setembro
as portas fechadas; o céu por cima - azulado.
Descobri que as portas nos interpelam - devagar, como as estrelas.
Há portas esmorecidas pelo tempo cujos veios me inspiram num súbito alento.
Às vezes, o passado e o futuro fundem-se; as portas transformam-se
pêssego-polpa rosa velho abóbora-menina
uma poética
simbiose da tinta macia com
o musgo antigo
entranhado nas traves
os nichos de
teias acomodados nos ângulos
o brilho fosco das chapas
tons delícia-rústico que
se harmonizam com a atmosfera da rua
talvez
talvez
V Festival do
Castanho, Paradela, Setembro. 2013.
Intervenção pictórica | Adriana Santos, André Pipa, Diogo Lourenço, Francisco Pina, João Dias, João Gonçalves, Miguel Royo, Pedro Gonçalves.
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