Insinuando-se...


Escrevo-te para te falar do poente. Foi no campo. Era agosto. Àquela hora da tarde o poente resvalava pela colina. Pousava dúctil na vegetação rasteira, insinuando-se como manto de ouro. Mas o ouro era só a cor, densa; onde mil cintilações se coagulam, anunciando o abrandamento da clorofila.
Àquela hora da tarde, resvalava pela colina vindo a afogar-se no rio. Enquanto as pedras das calçadas anoiteciam, declinando a quentura de dentro.
Encostei-me para trás na cadeira de lona e distraí-me com aquela tinta negra que escurecia, ponto a ponto, as folhas das árvores. E redesenhava a tessitura dos troncos.
Andava um pio de ave à solta; naquela paz completa das noites do campo, que antecede o luar. Sosseguei.

Eugénia

 

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