Sonhos
Sonhos. Não sei por que certos sonhos vêm ter comigo. São fundos, com raiz fasciculada: há neles uma sensação imagética de bem-aventurança. Abraço-os.
O mar.
Ao fundo a ondulação lisa – rectilínea. Uma forma geométrica feita de simplicidade: união de pontos; sem qualquer atropelo, enfileirados; cada um deles, tamanho nulo; em número incontável. Até lá, as ondas. A espuma branca.
Nasci numa cidade de mar. Em parte, encostado a rochedos. Com algas vermelhas. Com algas pardas. Com veios cheios de limo. A maré-alta vogando pelos areais.
O horizonte; idilicamente o seu extremo. O sol ou a névoa, conforme o tempo, mudam-lhe a cor. Enchem-no de ecos, na hora poente.
Deflagram colorações, vivas ou ténues, formatando caminhos labirínticos. Entro. Sinto um sobressalto. Apanho o sonho. Encosto-o contra o peito. Ouço-lhe o rumor. Entre as minhas mãos, a vontade indestrutível de que vença.
Sigo.
Eugénia
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