Defronte à praia
Por vezes apetece ficar defronte à
praia, ao fim da tarde, deixando o tempo vadiar ao nosso redor – sem nunca o
escutar. Permitindo-nos sentir à flor da pele o toque inexprimível das lindezas
do mar. Às vezes, é o galope de uma onda insubmissa que age voante como pétala
que se desprende do cálice, tornando o seu voo livre; outras vezes, é o entorno
da espuma que crepita na dobradiça de uma onda; outras vezes, são miríades de
algas que tecem cores líquidas modelares distendidas à superfície da água;
outras vezes, são pronúncias de criança enfatizando o prazer dos pés molhados,
salgados; ou a mão do crepúsculo cheia de promessas de cenários a colher.
Pois é: defronte a cada sedução
do mar, apetece ficar. Deixando o tempo vadiar.
Eugénia
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