Toadas


Toadas do silêncio
 
Quando o rumor se esgota na folha
da ameixoeira e o silêncio cai
e abraça a ausência
a ninhada de melros naquele
velho galho de glicínia
o musgo adornando
escadas rurais de granito
entre duas leiras
e o alecrim a florir a berma
do degrau mais elevado.
 
Quando o silêncio cai e abraça
a ausência a memória se levanta
o tacto burila a doçura esbelta
da tua mão na pele da minha
a borboleta branca com as asas
carregadas de efémera
existência recorta passagens
por entre flores.
 
Conversávamos debaixo
das mesmas telhas
por onde se derramavam raízes
de líquen os bancos de madeira
a trave o aroma do fruto da ameixoeira
até que incansável a luz desenhava
no crepúsculo a tua voz
transitando os nossos temas
por livros, por canções,
por poemas.
 
Agora o silêncio desfila
pela rua que atravessa
a entrada da casa
com os passos empoeirados
 
somente projecta um fio de
sombra sobre o bulício do rio.
 
Eugénia

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