Aos ombros do vento
Inauguração
A manhã chegou e com ela
inaugura-se uma nova luz
a colorir de azul toda
a atmosfera; na nuvem,
a promessa de água.
E sobre aquele azul
líquido
entre a terra e a nuvem
os ramos enfeitam-se;
submersos
brilham como Vénus.
Reconheço – avançando
de longe –
uma zoada;
solfejada como oração.
E, então, pergunto-me:
Antecipação dos bandos
de melros
aos ombros do vento?
Assim pensei
supondo regaço
aqueles ramos
adornados
– gota a gota esculpidos
pela mão da água.
Estávamos em Fevereiro.
Eugénia
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