Estórias de quintais 2.
Era parda e tinha o corpo coberto de penas de seda fina
pintalgada – pintas brancas. E, no cocuruto depenado, a crista folhosa da cor
do fogo – dia a dia incendiada pelo sol.
Nos primeiros minutos da manhã, empoleirada numa trepa
lenhosa da velha azálea, a galinha pedrês erguia o bico, de ave cantadeira, e
cacarejava – cacaracá... Palavras soletradas, sílaba a sílaba – ca ca ra cá –,
idas nos ares. Ao acordar o dia. Então a luz do sol entrava no quintal e aí
ficava horas e horas seguidas, alvoroçada, por entre aromas de hortelã e
alfazema. Lá para o fim da tarde, o sol espreguiçava-se – ensonado – e
deixava-se dormir para além do horizonte. E o quintal mergulhava no escuro.
Eugénia
Comentários
Enviar um comentário