Sem pressa



Ouvia-se, quase inaudível como quem somente suspeita, o roçagar do céu na ramagem do plátano. Um roçagar que descia claro e se difundia como rio lento. A luz era seiva já da queda das folhas: refundava a alquimia das cores outonais. Numa nudez progressiva, a textura enegrecida dos ramos firmava-se nítida; e a claridade adoçava o corpo dos pombos sonolentos pousados nos seus ramos, até que um roçagar de um pombo se sumia levado pelas suas asas, de pousio em pousio - dominando o leme até se encostar ao céu.

Não. Não tenho pressa. Para quê ter pressa se posso sonhar os voos?

Eugénia

 

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