Como dizer-te?


Como dizer-te do silêncio? Se temos as nuvens, como túnica em branco desfeito, curvadas sobre os telhados. E se as olharmos com atenção ouviremos o rumor da chama.
Mas o silêncio? Como dizer-te do silêncio? Se temos a claridade; uma claridade inquieta a dispersar a última luz crepuscular. E o fluxo de luz, que aquela claridade transporta, banha generosamente o Atlântico acordando a cintilação de cada peixe como se o horizonte no mar fosse lugar de prodígios - sustendo a luz diurna a findar.

       Da chama que inflama a nuvem
       deduz o canto do pôr-dos-sol
       sigo o trilho da ave.

Como dizer-te?

Eugénia (texto | foto)
texto: in «Luz, reminiscências do olhar | Light, reminiscences of looking» - Eugénia Soares Lopes, texto | Markus Zuber, fotografia.


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