Cortinado


na janela. uma cortina. fio algodão com valor envelhecido. por detrás o declive. àquela hora árvores sem sombra. as folhas são verdes verão. o fundo é leito. arenoso. onde as águas de rio passam. como que adormecidas. de onde emanam mantos húmidos que crescem como flor. e se desenham. sem que se notem porque evanescentes. linhas húmidas onduladas no ar. as suas raízes mergulhadas na água.

rosas.

o dia alonga-se. afiguram-se árvores com folhas noctívagas. e o calor anoitece. e uma cor. e outra cor e outra e outra. como a cor límpida de qualquer berlinde. solto. rolando na dormência das águas. talvez sejam rastos de estrelas cadentes. que aí ficam rolando e rolando e rolando sempre. pela noite fora.

o sol regressa. pela aurora. rosas. iluminam-se.

Eugénia
 




Comentários

Mensagens populares deste blogue

O teu poema

Pequenas notas 10.

Pequenas notas 9.