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Tomei nota

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Sonhava com a cor do agapanto; com o canto do lírio branco. Disse-me. Olhos postos à distância, testemunhava a nascente dos dias. Disse-lhe: olha o céu. Naquele lugar o céu e naquele momento desenhava com caneta ponta fina idiomas de pássaros algures num dos seus ramos; e o ramo tamborilava curvava-se  e de seguida endireitava-se, balbuciando rumores celestes; burilava nuvens algodão branco; calcetava a terra com sombras leves. Seguiu caminho fora; ao encontro de lírios brancos? Tomei nota: foi num jardim  urbano era domingo. Eugénia  

Amor

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amor perfeito amor amor-perfeito Eugénia  

Fim de tarde

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Foi num daqueles momentos privilegiados de fim de tarde em que se somam assaltos, fruto de espantos que atingem o nosso íntimo, que senti aquele impulso de escrever qualquer coisa, sim, qualquer coisa, que evocasse a minha perplexidade pela movimentação onírica do crepúsculo: girando, girando admiravelmente, acima do horizonte. O brilho, quase travesso, enigmático, ora se evidenciava ora se ocultava, em sintonia com cores quentes que se iam alternando; modelando em labirinto; ou se desfaziam. Eugénia  

Era uma vez

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Era uma vez um relógio solar. Quando bate o primeiro minuto do anoitecer, a luz azul - efémera - desenha por encanto lindos trajectos pendentes do céu. abre a porta sai à rua - a luz acolherá teus passos recobre as estrelas - cortinado  celestial a árvore colore seus ramos enquanto o relógio dá uma volta completa Eugénia  

Ecoando

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na japoneira abre devagar a flor branca no limbo o som da terra ecoando Eugénia  

De longe

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  de longe. na direcção do horizonte. reparei que o céu estava a adoptar uma luz. coada. amorosa e ponderada. de fim de tarde. outonal. essa luz. talvez por pensar que podia invadir. sem cerimónia. interiores reservados. atravessou frestas de janela. sem aviso prévio. e. tal tear que inova seus padrões. entreteceu seus fios fiel à sua veia criadora. compôs. num recanto. algo de novo. um sombreado. tessitura sobre rendilhados. tal encadeamento musical revelação - a toada contornada por fios de luz - fieira de sombras Eugénia

A luz era sucinta

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No decorrer daquela tarde de outono a luz era sucinta. Recortava reflexos que expunha nos vidros das montras. E: Da fisionomia daquela luz, com dorso dobrado entre as duas margens da rua, retirei o que foi há muito a infância. A calma solidária sem mistérios dos braços da mãe. A agulha da bordadeira que devaneava sobre pano fino. A inocência. Como te dizer da inocência? Do cheiro a violeta que veio dela? O tempo passa e pousa em cada coisa uma memória. Eugénia